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Nutrição boratada no cultivo de Palma de óleo.

:: terça-feira, maio 16, 2023 :: Publicado por Eduardo Saldanha

Descrição de funções e sintomas de deficiência de B em plantas de Palma de Óleo

A deficiência de boro (B) tem sido apontado como o distúrbio nutricional mais comum em plantações de palma de óleo ao redor no mundo, e se intensifica em regiões com solos alcalinos, arenosos e sujeitos a alta volumes de precipitação pluviométrica. Áreas de cultivo que apresentam altas produtividades e que normalmente são bem supridas com doses adequadas de outros nutrientes tais como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg), apresentam elevadas s taxas de crescimento vegetativo, sendo também áreas com altas demandas de B, necessitando assim suprimento frequente deste micronutriente.

O B desempenha funções muito importantes no cultivo de palma de óleo, atuando em processos estruturais e metabólicos, tais como a:

  • Estruturação das paredes células
  • Transporte de carboidratos nos vasos do floema
  • Formação de complexo com açúcares

Além de funções relacionadas à biologia floral, a exemplo da germinação do grão de pólen e a formação do tubo polínico, processos biológicos fundamentais que atuam diretamente na produtividade de cachos e consequente rendimento de óleo. Do ponto de vista estrutural, o B é constituinte essencial das membranas e das paredes celulares das plantas, atuando diretamente na formação de novos tecidos (meristemas) da parte aérea e das raízes da planta de palma de óleo.

Em situações de ocorrência de deficiência severa há inibição completa do desenvolvimento das folhas novas, devido a desintegração de primórdios foliares não expandidos. As plantas de palma são muito sensíveis à baixas concentrações de boro no solo, e o aparecimento dos sintomas ocorrem muito rapidamente nas folhas, raízes e nas plantas inteiras.

As folhas com sintomas de deficiência de B, apresentam expansão irregular e mal formações. Este nutriente por apresentar baixa mobilidade nos vasos do floema destas plantas resulta na manifestação de sintomas primeiramente nas folhas jovens e em crescimento, sendo os folíolos na seção distal das folhas os mais afetados. A coloração frequentemente apresenta-se em verde mais intenso nas folhas sintomáticas, com aparência e formas enrugadas, apresentando rigidez e eventualmente quebradiças.

A deficiência de boro afeta sobremaneira o crescimento reprodutivo, pois a síntese de citocininas—fito hormônios que promovem divisão celular—é reprimida e a germinação dos grãos de pólen associado a má formação dos tubos polínicos impedem a adequada fecundação e formação embrionária. Nas raízes, a deficiência de boro retarda o crescimento meristemático, e causando níveis supra ótimos de auxinas, que podem inibir a divisão células e induzir aumentos na enzima auxina-oxidase, ocorrendo desta maneira, formação de raízes com anormalidades morfológicas, aparência achatada, redução na formação de raízes terciárias e quaternárias e perda de domínio apical, causando redução na diferenciação das raízes laterais que não se desenvolvem totalmente, formando aglomerados de raízes curtas e grossas.

Estes efeitos no sistema radicular podem reduzir a absorção de água e outros nutrientes pelas plantas de palma, o que certamente, trarão impactos na produtividade do cultivo. Como forma de monitorar os níveis adequados de B na cultura é recomendado análises periódicas do tecido vegetal, acompanhados de avaliações dos teores do nutriente no solo, como também verificações frequentes em campo, acerca da manifestação de sintomas de deficiência em folha e raízes.

Deficiência de boro em folhas de óleo de palma
Deficiência de boro em folhas de óleo de palma
Fonte: Saldanha, 2016

Fertilização boratada na cultura da Palma de óleo

O cultivo de palma de óleo é uma das culturas agrícolas com maior consumo de fertilizantes, pois apresenta elevados patamares de produtividade e rendimento em produção de óleo. Sobre o desenvolvimento em campo há a ocorrência de quatro fases, em que cada uma delas ocorrem distintas necessidades e demandas nutricionais, sendo estas:

I – Fase de viveiro

Plantio das sementes germinadas até a fase de plantio das mudas em campo (10 a 18 meses).
A nutrição adequada é fundamental para produzir mudas saudáveis e vigorosas que possam superar os estresses ocasionados na ocasião do transplante, desta forma, as funções que o B desempenha, relacionadas a formação de um robusto sistema radicular, com ramificações e enraizamento lateral é fundamental. Aplicação foliar de Solubor® ou em fertirrigação podem ser realizadas numa periodicidade quinzenal, assegurando o suprimento frequente deste nutriente.

II – Fase jovem imatura

Do plantio em campo até o início da colheita de cachos, que ocorre aproximadamente aos três anos.
As demandas de nutrientes durante os seis primeiros meses após o plantio são relativamente baixas, pois as mudas passam por um período de adaptação em razão do estresse gerado na etapa de transplantio, como também pela necessidade de estabelecimento do sistema radicular. A partir do ano dois ao ano quatro inicia-se uma fase em que as plantas apresentam elevado demanda nutricional, a formação da parte aérea e expansão do sistema de raízes, é um estágio onde ocorre grandes gastos energéticos da planta de palma. Aplicações de Granubor® podem ser realizadas nesta fase seguindo o seguinte esquema de distribuição:

  • Ano 1: 60 a 90 g/planta de Granubor: As aplicações deverão ser realizadas no nono mês após o plantio das mudas em campo
  • Ano 2: 90 a 160 g/planta de Granubor: As doses indicadas deverão ser parceladas em duas aplicações, sendo a primeira realizada no décimo oitavo mês e a segunda no vigésimo quarto mês após o plantio das mudas em campo
  • Ano 3: 160 a 180 g/planta de Granubor: As aplicações deverão ser realizadas no trigésimo primeiro mês após o plantio das mudas em campo

Especial atenção dever ser dada ao local de aplicação dos fertilizantes, uma vez que o sistema radicular ainda não está totalmente desenvolvido, os fertilizantes devem ser aplicados na área de projeção da copa da planta.

III – Fase Jovem madura

Dos quatro anos até os nove anos desde o plantio

Este é o período de maior produtividade pela cultura da palma de óleo, há uma grande intensidade na formação de novas folhas, visando garantir as elevadas taxas de fotossíntese que a planta apresenta neste período de maturidade fisiológica. Nesta fase o sistema radicular atinge o seu máximo de desenvolvimento, se espalhando para as entrelinhas do cultivo, formando uma densa rede de raízes. A aplicação de B é de fundamental importância, pois além de ser necessário para supria a demanda do desenvolvimento vegetativo—lançamento frequente de folhas e formação constante de novas raízes. será fundamental para as demandas da fase reprodutiva, especialmente, relacionadas a formação e germinação do grão de pólen e formação do tubo polínico, etapas críticas da biologia floral da planta de palma de óleo e que tem relação direta com o adequado suprimento de B. Aplicações de Granubor podem ser realizadas nesta fase seguindo o seguinte esquema de distribuição:

  • Ano 4 – 9: 180 a 200 g/planta de Granubor: As doses indicadas deverão ser parceladas em duas aplicações ao ano.

IV – Fase madura

Dos nove ou dez anos até o replantio da árvore

Nesta fase as plantas atingem o pico de maturidade fisiológica, nesta fase é fundamental especial atenção ao manejo de folhas, dando prioridade a manutenção de folhas com exposição ao sol, visando a maximização da fotossíntese.

  • Ano 9 em diante: 200 a 240 g/planta de Granubor: As doses indicadas deverão ser parceladas em duas ou três aplicações ao ano.

Observação: As indicações de doses, épocas e forma de aplicação são sugestões baseadas em recomendações agronômicas indicadas pela literatura técnica especializada. O diagnóstico por meio da análise de solo e tecido vegetal são técnicas recomendadas para ajustes no programa de adubação. Recomendamos sempre o acompanhamento de um profissional Engenheiro Agrônomo.
 

Recursos


Referências
  • Gutierrez-Soto, MV; Acuña, JT. 2013. Sintomas associados a deficiência de boro em palma de óleo (Elaeis guineenses, JACQ.) na Costa Rica. Agronomia Mesoamericana. 24(2): 441-449.
  • Von Uexkull, HR; Fairhurst, TH. 1991. Fertilizing for high yield and quality The Oil Palm. International Potash Institute. Switzerland. WI-Bulletin No. 12.
  • Viégas IJM, Müller AA. 2000. A cultura do dendezeiro na Amazônia brasileira. Belém: Embrapa Amazônia Oriental.

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