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Disponibilidade de Boro em Solos Brasileiros

:: quarta-feira, setembro 13, 2023 :: Publicado por Eduardo Saldanha
Solo com baixo pH (vermelho no mapa - Figura 1), é uma boa indicação de deficiência de boro (B). Em geral, as regiões tropicais do mundo possuem solos altamente intemperizados e com baixo teor de matéria orgânica. Essas condições são favoráveis a perda de vários nutrientes no solo por lixiviação, principalmente o boro.

Figura 1

Map of global soil pH

Em um estudo de campo realizado no Brasil, 13.416 amostras de solo (profundidade de 0-20 cm) de 21 estados brasileiros foram coletadas e analisadas pelo laboratório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A pesquisa concluiu que o boro (B) é o micronutriente mais deficiente nos solos brasileiros e o zinco (Zn) é o segundo micronutriente mais deficiente. Segundo este estudo, 89% dos solos brasileiros apresentam teores baixos ou médios de boro e 46% apresentam teores baixos ou médios de zinco em sua composição (Figura 2).


Figura 2

Chart of Brazilian soil components
Fonte: Modified from Abreu et al, 2005
 
Em outro estudo conduzido por Malavolta e Kliemann (1985), na região do Cerrado brasileiro (Figura 3), 528 amostras de solo (profundidade de 0-15 cm) foram coletadas e analisadas em laboratório, sendo que aproximadamente 60% dessas amostras apresentaram teores muito baixo de boro (< 0,2 mg/dm-3 de B).


Figura 3

Brazilian soil analysis map
Fonte: worldatlas.com

A disponibilidade de boro nos solos brasileiros ocorre de forma bastante heterogênea. Por exemplo, no estado do Paraná a presença de maiores teores de boro no solo coincide com a presença de rochas sedimentares e metamórficas e o menores teores de boro coincide com a presença de rochas ígneas (Figuras 4 e 5).


Figura 4

Igneous rock map
Fonte: Mineropar, Levantamento Geoquimico Multielementar do Estado do Parana.

Figura 5. Boro nos principais tipos de rochas

Boron concerntration in the main types of rocks
Fonte: Adaptado de Kabata-Pendias & Pendias (1992)


Interpretação da análise do solo

A tabela abaixo do instituto agronomico de campinas (IAC), classifica a disponibilidade de boro no solo. Essas classes estão listadas na publicação Boletim 100, considerada a publicação mais atual.

As classes são divididas para culturas anuais e perenes:
 
Classes de disponibilidade de boro no solo: Culturas anuais
Classe de disponibilidade B (água quente) mg/dm3
Baixo <0,2
Médio 0,2-0,6
Alto >0,6


Classes de disponibilidade de boro no solo: Culturas perenes

Classe de disponibilidade B (água quente) mg/dm3
Baixo <0,6
Médio 0,6-1,0
Alto >1,0

Momento e método de aplicação

O ideal é aplicar o boro antes de identificar a deficiência a campo - por meio de amostras de solo e tecido vegetal. As aplicações de boro podem ser feitas no plantio e em cobertura, dependendo da cultura. A época das aplicações deve ser ajustada de forma que atendam as necessidades de boro e as fases vegetativa e reprodutiva, sendo esta última a mais exigente para as lavouras. As aplicações em campo podem ser mecanizadas ou com aplicações manuais.

Boron na planta

A concentração de boro nas plantas varia entre 12 e 50 mg kg-1 de peso seco do tecido. Para um bom crescimento da maioria das culturas, as concentrações de boro no tecido foliar devem estar entre 30 a 50 mg kg-1. As plantas deficientes em boro exibem concentrações foliares inferiores a 15 mg kg-1. (Malavolta, 1980; Malavolta et al., 1989; Pais & Jones Junior, 1996; Furlani, 2004).

Extração e exportação de boro
 
Cultura Extração g.t-1 de grãos Exportação g.t-1 de grãos
Soja 77 22
Milho 18,3 4,4
Trigo 19,9 2,9
Feijão 66,3 13,3
Fonte: Adaptado de Pauletti, 2004.

Fertilizantes boratados

Fale sobre suas necessidades de boro com seu agrônomo ou entre em contato com um especialista regional da U.S. Borax para determinar qual produto é mais adequado para seu solo e cultura.

Recursos

 Referências
•    Malavolta, E., & Kliemann, H. J. (1985). Nutritional disorders in the Cerrado (p. 136). Piracicaba: Associação Brasileira para      Pesquisa da Potassa e do Fosfato.
•    ABREU, C.A.; ABREU, M.F.; van RAIJ, B.; GONZALEZ, A.P. 2025. Routine soil testing to monitor heavy metals and boron. Scientia Agricola 62:564-571. 
•    Kabata-Pendias, A., & H. Pendias. 1992. Trace elements in soils and plants. CRC Press, Boca Raton, FL.
•    Cantarella H, Quaggio JA, Mattos Jr. D, et al. 2022. Boletim 100: Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. Instituto Agronômico de Campinas – IAC:490